Sistema Mackenzie de Ensino (SME):

fundamentos pedagógicos para uma educação escolar cristã e significativa



A transformação e a renovação do entendimento são alvos da educação. Na educação cristã, a não conformação com o mundo é o diferencial que propõe tal transformação e renovação.


Precisamos ter claro quem é o ser humano a quem educamos. Biblicamente, ele não é passivo, não é determinado pelo seu ambiente ou por fatores externos, nem é totalmente ativo, trazendo em si mesmo todas as capacidades inatas para, dado algum estímulo, transformar o seu espaço externo. Ele é interativo, relacional, não apenas na forma de se comunicar cooperativamente para a aprendizagem, mas no sentido epistemológico do que é ser relacional. Ao aprender, o ser humano usa sua mente, suas emoções e sua capacidade de conhecer, perceber, questionar, para buscar a verdade, e assim construir teorias, conceitos e proposições.


Portanto, há uma relação entre fatores internos ao sujeito (suas emoções, suas percepções, sua imaginação) que aprende e os fatores externos. O filósofo cristão Clark (CLARK, 1981, p. 316, apud MAc - CULLOUGH, 2005, p. 21) afirma que “Deus criou a mente e o mundo para que se harmonizem”. O conhecimento construído pelo aluno não é fruto de sua subjetividade apenas, nem é fruto de questões objetivas e neutras. É, sim, fruto de sucessivas relações que se estabelecem entre as suas percepções e seu ambiente externo: o objeto de aprendizagem, o docente que o ensina e as percepções dos demais colegas que estão aprendendo.


Por esse motivo, o modelo utilizado pelo SME é cognitivo-interacionista. Esta forma de ver o homem e o mundo, isto é, interativa, gera uma filosofia de educação direcionada a um modelo pedagógico que considera essa interatividade do ser humano no processo de ensino e aprendizagem. Neste modelo, o ensino será organizado e de responsabilidade do professor. Mas este deverá exigir a ação mental do aluno sobre o objeto de aprendizagem, e favorecer o contato e o confronto das conclusões e percepções do aluno com outras, de colegas e de teóricos sobre o assunto.


Quando examinamos os livros do SME, percebemos que há intenção clara de favorecer esse movimento do aluno com o conteúdo que irá aprender, questionando-o sempre sobre as percepções e conhecimentos prévios que possui sobre o conteúdo e desafiando-o ao seu aprofundamento. O material propõe ao professor que o aluno explore, investigue, organize os conceitos que estão sendo apresentados.


O professor se responsabiliza pela apresentação organizada dos conteúdos e pela promoção de atividades que exijam a ação do aluno, que promovam o aprender e o aprender a aprender (usando diversas habilidades e competências cognitivas). É um modelo pedagógico que não propõe a comunicação e a avaliação passiva do conteúdo para o aluno e nem propõe atividades sem intencionalidade específica, ao contrário, propõe a ativação da cognição e de novas habilidades e competências com atividades intencionalmente planejadas pelo professor.


Marili Vieira

SME (N: 8 Dezembro, 2016)