Como a escola cristã deve educar financeiramente seus alunos?


O Sistema Mackenzie de Ensino oferece materiais elaborados para que Escolas Parceiras possam ensinar sobre educação financeira, cumprindo a missão de equipar seus alunos para a vida.

Por que educar financeiramente? Já não ensinamos as matérias básicas aos nossos alunos? Para que tenhamos uma ideia, a Educação Financeira tem estado no foco da pedagogia mundial já há alguns anos. Nos Estados Unidos, cunhou-se um termo que identifica essa prática: alfabetização financeira (financial literacy). A realidade é que não somente crianças, mas inúmeros adultos são verdadeiros “analfabetos financeiros” – 75% dos adultos não se regem por um orçamento. E se todos precisam ser educados nisso, a hora de começar é no Ensino Fundamental, com as criancinhas. Saber as matérias básicas, saber contar, saber até o valor das moedas, não é suficiente em um mundo de economias e processos de troca de bens e valores cada vez mais complexos. Se como adultos somos mal preparados para lidar com dinheiro e com nossas finanças pessoais, as crianças são ainda mais. Precisamos quebrar esse círculo vicioso; é aqui que entra a Escola Cristã e a professora ou professor cristão fazendo uma diferença. Eles têm a possibilidade não somente de ensinar dados e habilidades financeiras, mas também de colocar todas essas questões na perspectiva correta: o dinheiro é uma ferramenta para atingirmos os propósitos maiores nesta vida e em nossa existência. Ele não é o alvo da vida; ele não deve ser objeto de amor e apreço – quando isso ocorre, esse amor mal direcionado torna-se “raiz de todos os males”. O dinheiro deve servir para que administremos bem nossos recursos, tenhamos nosso sustento, auxiliemos uns aos outros e, assim, glorifiquemos ao nosso Deus Criador.


Mesmo assim, ensinar sobre dinheiro em uma escola cristã não é algo materialista e pouco espiritual? É verdade que em círculos cristãos, temos dois extremos: uns não querem falar sobre dinheiro, outros só querem falar sobre dinheiro. Há até um ramo perigoso, chamado de teologia da prosperidade, que atribui o sucesso financeiro à evidência de se estar “de bem com Deus”. Porém, em muitas ocasiões, podemos estar passando, na providência divina, por dificuldades e tribulações financeiras, sem sermos responsáveis por isso. Quando isso ocorre, encontramos forças na pessoa e nas diretrizes de Deus. E é exatamente para que possamos saber o que fazer, e para que possamos evitar situações de dificuldades geradas por nosso descaso, ou desconhecimento, que necessitamos ser educados e educar sobre finanças. E essa não é uma visão materialista, nem está relacionada a uma “teologia da prosperidade”.


Além disso, você sabia que: • 1.565 versículos na Bíblia falam de dinheiro? • No “Sermão do Monte”, dos 107 versos, 28 falam de dinheiro? • Jesus falou de dinheiro, ou riquezas, em 13 parábolas? • A Bíblia ensina que o dinheiro pertence a Deus (Ageu 2.8: “minha é a prata e meu é o ouro”) e Moisés registrou (Deuteronômio 8.18) “é Ele que te dá força para adquirires riquezas...”? A criança deve saber valorizar as bênçãos e os meios de sustento que recebe e pelo menos ter a convicção de que “dinheiro não dá em árvores”.

Nada mais legítimo do que uma Escola Cristã ensinar seus alunos a perspectiva correta sobre finanças e instruir as crianças no uso do dinheiro e nas interações com a sociedade e seus meios de troca e aquisição de sustento e de bens. Nessa era de dissolução moral em que vivemos, é necessário vermos o ensino da honestidade valorizado nas famílias e nas escolas.


Mas as questões financeiras não fazem parte das tarefas dos pais? Certamente. Mas é nesse ponto que a escola entra na plenitude da parceria com a família. A Escola pode sistematizar as lições e inseri-las no currículo, pode estabelecer a periodicidade para o estudo do assunto, pode qualificar os professores, pode até simular situações e resoluções de problemas e alertar os pais quanto aos pontos de atenção, de acordo com o desenvolvimento da criança. Mas é no seio da família, principalmente, que a prática do que for ensinado ocorrerá. Certas orientações advirão apenas da família. Os pais suprirão as necessidades básicas e, de forma controlada, irão substituir gradativamente as compras que fazem para os filhos por decisões responsáveis feitas pelas próprias crianças e adolescentes. A Escola poderá, também, segurar a mão dos seus alunos, enquanto ministra a educação financeira e os conceitos de economia e poupança.


Por: Prof. Solano

Portela

Fonte: Sistema Mackenzie me Revista (N: 4 Agosto, 2015)