Como viver a vida com sabedoria


A vida é um dom precioso que não pode ser desperdiçado. Devemos viver com sabedoria, discernimento e prudência, aproveitando cada circunstância para aprofundarmos nosso conhecimento sobre Deus, sobre o próximo e sobre nós mesmos. Para sermos bem-sucedidos nessa empreitada, precisaremos adorar a Deus, amar as pessoas e usar as coisas, em vez de nos esquecermos de Deus, amarmos as coisas e usarmos as pessoas. Viver com sabedoria é buscar o que é essencial em primeiro lugar e não permitir que o urgente tome o lugar do importante. Nem tudo o que é urgente é importante. Ter sabedoria é olhar para a vida através dos olhos de Deus e viver governado pelos princípios divinos. Para vivermos de forma sábia, precisamos refletir sobre três aspectos: O que devemos evitar? O que devemos fazer? Que valores devemos adotar?


O que devemos evitar para vivermos com sabedoria?

Um dos problemas que mais atinge o ser humano nessa geração é a ansiedade. A ansiedade é o mal deste século. Atinge pessoas de todos os estratos sociais e de todos os credos religiosos. A ansiedade é o estrangulamento da alma e a asfixia das emoções. É deixar de viver o hoje, com medo do amanhã. Sabedoria e ansiedade são incompatíveis. A ansiedade é inútil, pois não é possível melhorarmos nossa performance hoje, o que resulta em ansiedade quanto ao amanhã. Por mais ansiosos que estejamos, não poderemos acrescentar sequer alguns minutos ao curso da nossa vida (Mateus 6.27). Além de inútil, a ansiedade é, também, prejudicial. Está provado que setenta por cento das questões que nos deixam ansiosos nunca acontecem. Sofremos, portanto, desnecessariamente. E se esses problemas vierem a acontecer, então, sofreremos duas vezes e estaremos já sem vigor para enfrentá-los vitoriosamente. Mas, a ansiedade além de inútil e prejudicial é, também, uma clara demonstração de incredulidade. Entregamo-nos à ansiedade porque duvidamos que Deus seja suficientemente poderoso, bom e sábio para cuidar de nossa vida. Quando ficamos ansiosos, tomamos nosso destino em nossas próprias mãos e banimos Deus da nossa vida. A ansiedade é curada quando adoramos a Deus por quem ele é e damos graças pelo que ele faz. Quando adoramos a Deus, colocamos nossas necessidades aos seus pés e rendemos graças a ele pelos seus feitos. Então, a ansiedade bate em retirada e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, como uma fortaleza, vem proteger nosso coração e nossa mente (Filipenses 4.6,7).


O que devemos fazer para vivermos sabiamente?

Para vivermos de forma sábia neste século, além de evitarmos a ansiedade, devemos, outrossim, investir em relacionamentos saudáveis. Não somos uma ilha. Não podemos viver sem vínculos. A solidão é nociva à saúde emocional e espiritual. Gente precisa de Deus, mas gente também precisa de gente. Ninguém vive nem morre para si. Pertencemos a uma família, a uma igreja, a uma sociedade, a uma nação. Somos membros de um corpo. Estamos ligados, umbilicalmente, uns aos outros. Devemos, portanto, construir pontes de contato em vez de cavarmos abismos de separação. Devemos amar mais do que buscarmos ser amados. Devemos compreender mais do que buscarmos compreensão. Devemos semear com abundância nos nossos relacionamentos, se quisermos colher com fartura os frutos da amizade. Viver sabiamente implica amar ao próximo como amamos a nós mesmos, tratando-o como gostaríamos de ser tratados. Viver sabiamente significa valorizar mais as pessoas do que as coisas. Significa que o cônjuge deve vir antes dos filhos, os filhos antes dos amigos e os amigos antes das coisas. Não somos felizes quando buscamos nossa própria felicidade, mas quando promovemos a felicidade do nosso próximo. Isso porque o amor não é egocentralizado, mas outrocentralizado. Viver sabiamente é lancetar os abcessos da alma e perdoar aqueles que nos ferem. A mágoa é autofágica. É como tomar um copo de veneno, pensando que o outro é quem vai morrer. O perdão é a faxina da mente, a alforria do coração, a cura das emoções. O perdão é maior do que a mágoa. O perdão cura, liberta e restaura.


Que valores devemos adotar para vivermos sabiamente?

O rei Salomão, do topo de sua fama, buscou a felicidade com a pretensão de ser regido pela sabedoria (Eclesiastes 2.1-3). Porém, em vez de colocar os pés na estrada da virtude, pegou o atalho dos vícios, o despenhadeiro dos prazeres carnais e caiu num fosso de profunda desilusão. Salomão buscou a felicidade na bebida (Eclesiastes 2.3), na riqueza (Eclesiastes 2.4-8a), na carne (Eclesiastes2.8b) e na fama (Eclesiastes 2.9-11). O que encontrou foi apenas decepção. Essas aventuras arrebatadoras eram pura vaidade. Eram multicoloridas como uma bolha de sabão, mas vazias de sentido. A sabedoria, porém, é irmã gêmea da felicidade. É o caminho mais seguro da bem-aventurança. Não são sábios aqueles que se entregam à embriaguez. Não são sensatos aqueles que vendem a alma ao diabo e amordaçam a consciência para alcançarem riquezas. Não são bem-aventurados aqueles que correm apressados para beber todas as taças dos prazeres efêmeros desta vida. Não são regidos pela sabedoria aqueles que tentam preencher o vazio do coração com a fama. Salomão experimentou todas essas coisas em grau superlativo. Mas, o que conseguiu? Apenas dor, decepção e um vazio ainda maior. Por isso, no final da vida, admitiu e confessou que o propósito da existência é temer a Deus e fazer sua vontade (Eclesiastes 12.13).

A verdadeira sabedoria está em Deus. Só ele pode dar sentido à vida. Só nele nosso coração encontra um porto seguro. Viver de forma sábia é viver em Deus, para a glória de Deus e para o bem do próximo. Quanto mais perto de Deus andamos, mais achegados às pessoas seremos e mais gozo na alma sentiremos.


Hernandes Dias Lopes

Fonte: Sistema Mackenzie em Revista (N:4 Agosto 2015)